quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Uma Vida - continuação

Se tu soubesses a dor que sinto por não te beijar, por te ver e não poder agarrar...
Cruelmente dilaceras o meu peito e sacas o meu coração ainda a bater. Brincas com ele antes de o deitares no foço profundo que é o esquecimento.
Não digas que não sabes o que sinto, ou a sensação do que vivo... Tu já por lá passaste... Falo na sensação porque ela motiva a memória quando o sentimento se perde ou se desfaz no tempo e no viver, ou quando apenas se torna numa sombra do que já foi.
Contigo nunca falarei de sentimento...
Contigo nunca falarei de pertença, mas sim de abandono. O abandono de quem mata uma preza e a deixa no mato para os lobos comerem. Ficas a ver e brincas, e gozas com o meu sentimento de cima desse teu pedestal inalcançável...
Contigo nunca falarei de paixão, mas falarei sempre de Fogo. De quem está no meio das chamas numa morte lenta e cruel... Mas sem nunca sentir calor, porque os teus olhos frios até isso tiram de mim...
Afinal o que queres? O que pretendes de mim? Que seja submisso, que mude, que morra? Da morte não tenho medo. O que me prende é apenas carne, porque a Alma já tu levaste e consumiste.
Pensava que da miséria da existência Humana tu te destacavas. A tua simples complexidade, o teu sorriso... Mas afinal és igual. Não passas de um predador oportunista, que escolhe a sua vítima na multidão, e cuidadosamente brinca até à exaustão...

1 comentário:

  1. podendo correr o risco de uma "discussao" :) o sentimento nao se perde nem desfaz...tirando isso a minha opiniao em relaçao aos textos nunca muda...EXCELENTE
    Rita V.

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